26 de dezembro de 2015

The Fall of the House of West. Paul Pope, JT Petty, David Rubin (First Second)

Numa abordagem extremamente concentrada, como digestão de leituras maiores, serve o presente post para dar conta da recepção do segundo volume da prequela da saga de Battling Boy, de Pope e companheiros. Este segundo volume continua a acompanhar a demanda de Aurora West pela sorte da sua mãe, levando-a a oposições ao seu pai, o herói Haggard West, e a fortuna de Arcopolis, lentamente tombando nas mãos dos pesadelos. (Mais)

Os autores continuam a explorar de maneira muito equilibrada todo género de ideias feitas ou elementos típicos das narrativas heróicas (e super-heróicas) necessárias a uma história desta natureza, para mais orientado para um público jovem. Mas também têm em conta ingredientes mais modernos, não só pelos papéis femininos, mas também colocando em primeiro plano as fragilidades, ignorâncias e “telhados de vidro” dos próprios heróis. Como toda a boa ficção popular que compreende as dinâmicas que mais fazem sobreviver as narrativas, há um peso significativo nas relações familiares, nas personalidades de cada personagem, os seus sonhos e medos, obsessões e erros, e depois as equações que os ligam uns aos outros, levando assim a que, em cada acção, o mecanismo do interesse do leitor esteja mais em compreender em que medida é que cada movimento da personagem responde à situação e de que forma isso alterará as relações, do que numa suposta “pressa” pela resolução dos problemas.

O tom mais desprendido da aventura desenhada pelo próprio Pope está algo ausente, porém, uma vez que parece ser da responsabilidade de Petty o desejo em burilar a prequela como uma história de contornos bem mais trágicos (quase mesmo “desligando” uma história da outra em termos de ambiente). Desta maneira, em The Fall, uma vez que estamos cada vez mais próximos dos acontecimentos do início de Battling Boy, aprendemos neste volume alguns dos segredos mais dolorosos, como a verdadeira causa da morte da mãe de Aurora e a identidade, e transformação, do seu “amigo imaginário” (e, de certa forma, os mecanismos das origens dos monstros neste universo diegético). Em termos de construção narrativa, porém, parece ser este volume mais acelerado e dinâmico que o anterior.

Rubin continua aqui a mostrar algumas das razões pelas quais a sua escolha foi quase “natural”, mas ao mesmo tempo existem atalhos – ao nível dos cenários, pormenores, planificação dos episódios de acção, e mesmo a elegância titubeante da composição das páginas – que enfraquecem a prestação anterior (já para não comparar com o seu trabalho próprio, fortalecido sempre pelo cor, mesmo que convencional).

Dito isto, The Fall of the House of West, que ainda deve contar com um terceiro volume (apesar de nunca haver indicação paratextual disso), continua a cumprir a sua função de “sessão da tarde”.

Nota final: agradecimentos à editora, pelo envio do livro em formato pdf. 

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