24 de outubro de 2015

Museu do Neo-Realismo: SemConsenso.



Serve o presente post para finalmente anunciar que no próximo Sábado, no Museu do Neo-Realismo, em Vila Franca de Xira, inaugurará a exposição


SemConsenso
Banda desenhada, ilustração e política.

Trata-se de uma mostra de trabalhos que compreenderá banda desenhada publicada em livros, jornais, revistas, publicações de vário cariz, assim como ilustrações editoriais, cartoons, e outros objectos menos comuns que, de uma forma ou outra, "abrem um novo espaço da política" (o texto costumeiro de comissário teorizará mais, a incluir na publicação a lançar, mas aqui sejamos mais curtos). É uma constelação que não tem respostas nem pretende seguir os caminhos já trilhados ou pré-preparados para a "discussão séria". Bem pelo contrário, são colocadas muitas perguntas. 

Esta exposição contará com a presença de trabalhos dos seguintes autores, de forma mais alargada ou mais concentrada:

Alice Geirinhas
Álvaro Santos
Amanda Baeza
António Jorge Gonçalves
Bruno Borges
Carlos Pinheiro
Cristina Sampaio
Daniel Seabra Lopes
João Fazenda
José Feitor
José Smith Vargas
Jucifer
Marco Mendes
Marcos Farrajota
Marriette Tosel
Miguel Carneiro
Miguel Rocha
Nuno Saraiva
Nuno Sousa
Pepedelrey
Tiago Baptista
e ainda mural de Pepedelrey & André Lemos. 


A entrada, para além de grátis, é livre. Seria muito bom ter a vossa presença. 
Nota final: ver "manifesto".

23 de outubro de 2015

Gothic in Comics and Graphic Novels. Julia Round (McFarland)

Este livro de Julia Round já há muito tempo que estava prometido, dado o incansável trabalho da autora, em vários artigos, não somente no estudo narratológico da banda desenhada como de facto abordando tópicos agregáveis sob esta designação: o gótico. Este livro apresenta novas abordagens críticas, e engloba-o não somente de uma forma histórica e literária, como procurando os seus desenvolvimentos posteriores em várias frentes criativas e a sua influência mais alargada em termos culturais. No que diz respeito à banda desenhada em particular, a sua importância está menos até no tema em si – que pode ou não interessar a um público mais alargado – mas na forma excelente através da qual a autora consegue integrar, numa estrutura inconsútil, todos os domínios analisáveis desta disciplina. (Mais) 

18 de outubro de 2015

Títulos brasileiros vários.

Para fechar este breve ciclo concentrado na produção contemporânea brasileira, que esperamos ter demonstrado uma parcela da diversidade existente – temos notícias de muitos outros trabalhos a que, infelizmente, não tivemos acesso – terminaremos com textos curtos sobre uma mão-cheia de títulos individuais. O tratamento colectivo não deve ser entendido em detrimento dos mesmos, por oposição aos trabalhos anteriores, mas tão-somente uma estratégia de gestão do nosso trabalho.

Falaremos de dois livros de uma editora brasileira, a Veneta, que é precisamente aquela que publicou Tungstênio, de Quintanilha, e de uma portuguesa, a Polvo, também tendo publicado esse título. Se a Veneta é uma editora de objectos multifacetados que vai conquistando espaço, no que à banda desenhada diz respeito, no seu país, num panorama já de si bastante diversificado, mas que tem dado mostras de crescimento e amplitude, a Polvo é uma veterana da banda desenhada (mas não só) em Portugal, e que tem aberto espaço a uma “translação” de trabalhos brasileiros para que sejam apresentados ao público nacional, deste lado do lago. A Polvo não iniciou a sua série de títulos brasileiros de uma forma em que a pensasse enquanto colecção, como se pode ver pelos seus índices, mas mais recentemente esse esforço, concertado e planeado a médio e longo prazo reflecte-se na organização do catálogo.

No final, revisitaremos uma editora consolidada, a Companhia das Letras, que volta a sua atenção para o património recente da HQ nacional. (Mais) 

16 de outubro de 2015

Afiar a língua no Porto.


Serve o presente para indicar que estaremos amanhã nos encontros Ilusão de movimento, organizados pela Casa da Animação, para uma conversa a três em torno da actividade do argumentista para várias disciplinas. A quem interessar e se puder, apareçam, para charlar

15 de outubro de 2015

Yeshuah (3 vols.). Laudo Ferreira e Omar Viñole (Devir Brasil)


Esta trilogia é uma verdadeira empreitada do autor, e um livro que mereceria uma atenção particular que ultrapassasse, não a “mera” leitura – uma vez que toda a leitura jamais é “mera”, mas bem pelo contrário necessária e central -, mas a breve opinião, ou o encómio superficial e célere, ou até mesmo a despreocupação como que se entrega um prémio, porventura, sem que se coloquem perguntas mais prementes aos seus mecanismos. É possível que essa importância se acresça pelo facto de ter uma matéria que é, a um só tempo, tão premente quando deveria ser secundária, talvez. Afinal de contas, vivemos hoje num tempo e em sociedades suficientemente laicas para que qualquer revisitação da vida e missão de Jesus da Nazaré não seja vista de imediato como um anátema, mas antes como uma interrogação que nascerá de uma vontade genuína. A situação do Brasil é talvez diferente da de Portugal, no aspecto religioso, mas seriam necessários outros instrumentos, ancorados numa perspectiva sociológica séria, para dar conta desse recado. Estranhamente, entre nós, é mais imediata a controvérsia em torno de Fátima do que debelar a figura do Cristo que causaria mais imediata celeuma, o que desde logo revela os substratos bem diversos que informam o nada heterogéneo Catolicismo (nem falemos do Cristianismo), mais matizado do que a Igreja Católica o quer pintar. (Mais) 

12 de outubro de 2015

Tungsténio. Marcello Quintanilha (Veneta/Polvo)


Em todos os momentos da nossa vida, não vivemos apenas no presente. A qualquer momento da nossa experiência, decorrente da duração a que pertencemos, arrastamos connosco fantasmas do tempo passado, assim como do futuro. Encaixadas numa experiência humana do tempo, e na nossa inscrição física nesse fluido, pressupõem-se um passado havido e um futuro a vir. Como escreve Henri Bergson no seu incontornável Matéria e Memória, “Por mais breve que se suponha uma percepção, com efeito, ela ocupa sempre uma certa duração, e exige consequentemente um esforço de memória, que prolonga, uns nos outros, uma pluralidade de momentos”. (Mais) 

10 de outubro de 2015

Graphic MSP: 2º fase. AAVV (Panini Comics)


Tendo discorrido longamente sobre a 1º fase da ditas “novelas gráficas” que reempregaram as famosas personagens criadas por Maurício de Sousa em novos enquadramentos criativos – e o emprego desta palavra, “fase”, não é de forma alguma alheio às estratégias de progressiva editorialização dos seus conteúdos pela Marvel; afinal, estes títulos são encomendas num contexto, e não fruto somente de uma vontade autónoma dos autores envolvidos, se bem que haja muitos movidos pelo desejo de “brincar com estes brinquedos” -, convido os leitores do Lerbd a remeterem-se a esses outros textos para regressarmos às mesmas considerações que conduzem aos novos títulos. Desta feita, a criação de expectativas faz-se de uma forma dupla, mas nenhum delas sobre uma ausência. Em primeiro lugar, tendo existido já uma experiência anterior, isto permite que se crie um horizonte de expectativas, para usar a expressão famosa de Jauss, mais pormenorizado. As regras do jogo, digamos assim, estão compreendidas, logo a parada é maior. Por outro, tendo em conta que de quatro títulos, dois repescam as mesmas personagens com a mesma equipa criativa, e outros dão início a um passo inédito, há uma perfeita distribuição do efeito de novidade e do de continuidade. (Mais)

8 de outubro de 2015

Dois irmãos. Fábio Moon, Gabriel Bá, Milton Hatoum (Quadrinhos na Cia.)

Tal como sucedera com The Divine, também este livro junta dois gémeos para tecerem a história de outros dois gémeos. No caso presente, trata-se de uma adaptação do romance Dois irmãos vem de Milton Hatoum, publicado em Portugal como Dois irmãos, na excelente colecção Sabiá da Cotovia, que nos tem permitido conhecer toda uma geração de escritores brasileiros contemporâneos (e inclusive outros títulos do autor). (Mais) 

6 de outubro de 2015

Vários títulos. AAVV (Cachalote)

Introdução: No espaço desta e da próxima semana, colocaremos neste espaço uma série de textos sobre banda desenhada brasileira contemporânea que, por sorte e esforço, nos tem chegado às mãos. Atravessaremos vários géneros, estilos, territórios e mercados, mas esperamos que isto permita, por um lado, aos leitores portugueses (ou outros), uma maior aproximação à pujante produção do Brasil e, por outro, aos leitores brasileiros, uma perspectiva não-local, que esperamos sirva para algum diálogo transatlântico. 

Este primeiro texto(s) será curto, pois remeteremos os leitores para a apresentação que já fizéramos deste projecto, o 1000, face ao qual a nova colecção, Franca, é quase uma pequena variação. Se aquela se apresenta como um caderno de uma dezena de páginas, impressas a preto sobre papel colorido, e sem qualquer matéria verbal para incentivar outro tipo de pesquisa na organização estrutural das imagens enquanto forma narrativa (ou não-narrativa), a Franca apresenta-se como uma mais clássica publicação, a preto-e-branco, com uma sobrecapa, mas onde o conteúdo se pode alinhavar por princípios mais convencionais, ou não, da relação entre texto e imagens. Este é um grupo de pequenos, mas significativos gestos na diversidade da paisagem editorial brasileira, já que não se conformam à ideia de “novela gráfica”, “adaptação”, “livro”, os quais, com maior ou menor felicidade, conquistarão de imediato uma maior atenção, automática. (Mais)

5 de outubro de 2015

Participação na ACME Speaker Series.

Para os interessados e disponíveis, amanhã será um dia cheio (para nós) em Liège, Bélgica, integrados que estaremos numa série de conversas do grupo de investigação ACME.
Em primeiro lugar, terá lugar uma conversa a dois de manhã com o artista suíço, radicado em Bruxelas, Pascal Mathey. Falaremos da sua obra e o seu caminho pela experimentação, desde o seu início por obras mais convencionais, como por exemplo Pascal est enfoncé, os vários projectos de fanzines colectivos (Soap, We All Go Down) e finalmente o tour de force de colagem abstracta 978. Esperamos fazer uma radiografia não apenas do seu percurso pessoal, mas compreender igualmente os processos de trabalho e a vontade inerente a essa disciplina cada vez mais estranha.
Da parte da tarde, já da nossa responsabilidade exclusiva, faremos uma apresentação-discussão em torno de um tema que nos é caro e temos procurado melhorar a cada instância: a experimentação, ou experimentalismo, se preferirem, no campo da banda desenhada. Será apresenta uma base teórica da sua discussão, uma tipologia de identificação e uma larga panóplia de exemplos que atravessam momentos históricos, geografias, géneros e estilos e formas autorais e materiais. 
O grupo ACME já publicou volumes dedicados à L'Association, à noção de dissidência na banda desenhada, e prepara um novo volume sobre Spirou, no qual, como indicado já anteriormente, estamos a participar. Estes encontros informais visam colocar à discussão e polinização colectiva toda uma série de assuntos que se associem a esta área quer do ponto de vista formal, cultural, social ou, preferivelmente, onde tudo faça coordenação produtiva. 
Ficam aqui os agradecimentos a Aarnoud Rommens e Benoît Crucifix, responsáveis principais por esta organização e convite.
Mais informações sobre o grupo, aqui.

4 de outubro de 2015

Sandman, Overture # 06. Neil Gaiman e J. H. Williams III (Vertigo)

Desde o seu lançamento que se adivinhava que o último número que encerra esta prequela à saga Sandman, de Neil Gaiman, et al., teria um fecho directa e organicamente associado ao início da história da personagem. O próprio título ou sub-título da obra o implicava, até com os seus laivos de interpretação musical, uma veia de interpretação quiçá produtiva: um prólogo “fora da acção” do texto principal, mas que poderá apresentar tematicamente alguns dos seus elementos estruturais. Aliás, a maneira como cada um dos números tem revisitado, en passant, muitas das personagens, temas ou episódios da saga maior, fará recordar precisamente a estrutura de um ritornello, tal como a apresentação física das páginas e a fluidez dos desenhos, na sua heterogenia gráfica, a torna flexível nessa revisitação. (Mais)

3 de outubro de 2015

VERBD. Episódio 4.



Outro atraso, mas outra chegada. O quarto episódio terá como objecto "a importância de ser publicado", e será muito interessante ver o que se alterou nestes sete anos. Dos fanzines como primeiras escolas para muitos autores aos livros que vão montando a diversidade, e uma ideia sobre o que é ou pode ser o "mercado editorial" português (em alguns aspectos muito diferente, noutros idêntico), os "nossos" autores, e outros convidados, discorrem sobre as suas experiências. 

Episódio 1.
Episódio 2.
Episódio 3
Episódio 5

1 de outubro de 2015

Participação em Traumatic and Haunting Images.

Serve apenas para informar os interessados, se por acaso passarem amanhã por Ghent, Bélgica, que participarei num workshop dedicado aos Estudos do Trauma, no qual apresentarei uma comunicação em torno de um conceito afecto à banda desenhada. O objecto de estudo é Binky Brown, a autobiografia/ficção de Justin Green, mas há mais a debater.
Apareçam. Mais informações, aqui.