31 de outubro de 2014

Júlio Pomar, ilustrador.

Na próxima Terça-feira, dia 4 de Novembro, terá lugar a 4ª sessão do Seminário "Júlio Pomar e a(s) Arte(s)", na Faculdade de Letras de Lisboa (sala 5.2).

Esta sessão será da responsabilidade deste vosso criado, que lerá um breve paper sobre algumas questões em torno da obra de ilustração desse artista. Na segunda parte, o grande Tiago Manuel tomará a palavra, e promete falar e dar que falar sobre a pintura de Pomar...

A entrada é gratuita (o pagamento visa a assistência de todo o seminário e um certificado), mas agradece-se a vossa pontualidade.

Apareçam!

Cidade suspensa. Penim Loureiro (Polvo)

Até certo ponto, Cidade suspensa tem sido “vendida” como uma espécie de grande regresso, de um retorno significativo de um autor que andava afastado das lides há cerca de trinta anos. Concomitantemente, o livro deveria ser visto talvez como uma espécie de magnum opus que foi sendo criada a lume brando, ou pelo menos com um ímpeto que acumulava uma vontade de expressão acalentada durante esse tempo, e que traria logo de imediato uma patina de valor acrescentado. As mais das vezes isso serve para criar um discurso hiperbolizado igualmente, e carente de um olhar analítico, e por isso crítico. O que importa é ler a obra, e colocar essas questões também elas, de certa forma, suspensas. (Mais) 

30 de outubro de 2014

Is That All There Is? Joost Swarte (Fantagraphics)

Joost Swarte é um daqueles nomes que fazem uma história alternativa da banda desenhada, na medida em que a celebração de uma espécie de cânone central quase impede que se forme uma memória mais diversificada dos seus autores, e até um artista deste calibre, famoso, vê a sua circulação algo rarefeita. Poder-se-ia enclausurar Swarte na sua Holanda natal, agregando-o a um punhado de outros nomes com quem partilha afinidades criativas e editoriais (como Peter Pontiac, Evert Geradts e Theo van den Boogaard), ou a uma época determinada (os anos 1980 – algumas das técnicas de “decorativismo” foram tentadas por muitos dos seus contemporâneos, como François Schuiten e Gérald Poussin) mas o seu nome foi internacionalizado muito rapidamente, e a sua responsabilidade, de certa forma, num recrudescimento por uma banda desenhada consciente da ideia de design, é quase exclusivamente sua. Recordemos que uma das suas imagens mais famosas, que mostra a criação de uma banda desenhada como se de um estúdio industrial de cinema/fotonovelas se tratasse, foi não apenas feita para ser capa de uma das míticas Raw (a no. 2) como foi recuperada há pouco por Paul Gravett para estar na capa de Comics Art, de que falaremos. (Mais) 

28 de outubro de 2014

Av. Paulista. Luiz Gê (Quadrinhos na Cia.)

Não se trata, Av. Paulista, tanto de um projecto de relação entre a arquitectura e a banda desenhada em que a disciplinarização da primeira inflicta processos estruturais da primeira, ou se procure na linguagem formal da segunda formas de erigir uma cidade, à escala humana ou outra. Não estamos aqui na fundação de uma nova cidade fictícia (à la Dominion City, de Seth), nem um entendimento da vida humana como factor enclausurado na vida de uma cidade (à la Chris Ware), nem uma pesquisa de questões arquitectónicas em torno de micro-ficções (à la Jiminez Lai). Trata-se mesmo de um retrato, quase pessoal, quase passional, de uma veia que atravessa uma cidade e, conforme a perspectiva, a corta, a coze, a sangra, a alimenta. (Mais) 

25 de outubro de 2014

The Lisbon Studio no FIBDA 2015.

O presente post serve para indicar que amanhã, 26 de Outubro, terá lugar uma apresentação do The Lisbon Studio (TLS), que terá a presença de um número substancial dos artistas associados a este colectivo, e com moderação nossa. Uma vez que são, como reza a expressão, em número superior às entidades maternas, torna-se difícil arrolar, e para mais com certezas, todos os nomes dos que estarão presentes. Mas adivinha-se uma conversa animada, se bem que provavelmente sem ordem. (Mais).

24 de outubro de 2014

Living Will # 2 e 3. André Oliveira e Joana Afonso (Ave Rara).

Serve este post para (também) indicar, em primeiro lugar, que será lançado [hoje] no FIBDA o terceiro volume desta série, num painel com os autores e moderado por este vosso criado. Tem lugar no Fórum Luís de Camões, dia 25 de Outubro, pelas 16 horas. (Mais) 

William Hogarth na Oficina do Cego.

Serve este brevíssimo post para indicar que esta noite, na Oficina do Cego, estaremos presentes para animar uma noite dedicada a William Hogarth. Para além de dois filmes, faremos uma sumária apresentação sobre a obra do gravador inglês, centrando-nos na esfera mais influente para as áreas que nos animam.

Apareçam!

Mais informações, aqui.

23 de outubro de 2014

Molly. Rudolfo (Ruru Comix)

Agora que a Lodaçal Comix parece ter confirmado a sua descontinuidade, Rudolfo inflecte os seus esforços editoriais ao serviço do seu próprio trabalho. O autor tem-se desdobrado em vários campos, mesmo se nos atermos somente à banda desenhada, alguns dos quais em colaborações com outros argumentistas, outros dando continuidade a projectos seus anteriormente começados e, como este em particular, dando início a um novo trajecto. (Mais) 

18 de outubro de 2014

As regras do Verão. Shaun Tan (Kalandraka)

Agora que o breve Verão é apenas uma pequena memória enterrada em dias cinzentos, de poucas abertas, regressar a um livro que o acompanhou de forma discreta e tranquila mas decisiva é necessário. Shaun Tan regressa, no nosso círculo de traduções, com um novo livro que explora os espaços não-ditos mas compreendidos epidermicamente na pele. (Mais) 

17 de outubro de 2014

O espelho de Mogli. Olivier Schrauwen (Mmmnnnrrrg).

Quando mencionámos o novo projecto deste artista, Arsène Schrauwen, conhecíamos já a versão original deste livro, Le miroir de Mowgli, mas foi com surpresa agradável que descobrimos ter sido produzida esta nova versão, publicada em Portugal. Ela difere da primeira em termos de formato, ligeiramente maior agora (ver nota final), pela técnica de impressão (correcção: ver comentários) e, consequentemente, pela cor (onde no original duas cores se complementavam – um amarelo mais torrado e um azul mais claro, dando origem a pontos de encontro de um vívido verde – aqui usa-se antes um laranja e um azul mais comedidos, levando a um ambiente mais sóbrio). (Mais) 

16 de outubro de 2014

A pior banda do mundo (2 vols.). José Carlos Fernandes (Devir)

Num panorama de produção e distribuição de jornais a nível nacional, com vários diários e semanários de referência, e jornalismo da especialidade (futebol, entretenimento, etc.), não deixa de ser surpreendente que ainda sobrevivam determinados jornais de interesse absolutamente local, associados a uma mão-cheia de freguesias e que se dedicam a notícias que se circunscrevem a um espaço reduzido. Exemplos são o Ecos de Cacia ou o Jornal Torrejano. Focando em interesses culturais, gastronómicos, desportivos e políticos, ou outros, de um interesse comunitário, poderá parecer aos forasteiros matéria de indiferença, mas a sua leitura – sobretudo se fora de quaisquer elos - traz-nos sempre uma ideia de estranheza quase insuperável. O que não deixa de ser um estímulo para o pensamento sobre mundos paralelos, cujos ecos em relação ao nosso nos regressam distorcidos, mas ainda assim possibilitados de iluminar algum aspecto que se nos torna subitamente familiar onde era apenas estranheza ou desconhecimento, ou pelo contrário, que torna estranho aquilo que nos era quase natural. (Mais) 

15 de outubro de 2014

Snow. Dieter Vdo (Bries)

De quando em vez surgem livros que aparentam em todos os aspectos serem livros infantis, não o sendo, ou enveredam por pequenos caminhos que parecem afastar-se desse território mais ou menos normalizado. Todavia, isso não impede que ele não seja sequestrado para esse tipo e leitura. (Mais) 

14 de outubro de 2014

Terminal Tower. Manuel João Neto e André Coelho (Chili Com Carne)

Uma das preocupações dos autores e dos editores foi deixar claro o processo de fabricação deste livro, o qual, em vez de seguir uma mais costumeira organização, e até mesmo hierarquia, de papéis criativos, entre um texto primário seguido por imagens que a consolidem concretamente, houve antes uma tecedura a par e passo entre ambos os autores. Séries de imagens mais ou menos narrativas criadas pelo artista, articuladas com citações de vários autores que compõem uma constelação cultural mais ou menos coerente pela sua aparente anarquia de referências – escritores como Thomas Pynchon e William Blake, filósofos como Peter Sloterdijk, filósofos-escritores como Maurice Blanchot, estrategas como Giulio Douhet, e homens de uma ciência mortífera como Robert Oppenheimer – e diálogos densos (tudo em inglês), se não mesmo obtusos, como se não tivéssemos sido convidados para escutar as conversas em curso, compõem os quadros (ou capítulos) desarticulados de um mundo marcado por limites que jamais identificaremos de modo decidido e final. (Mais) 

12 de outubro de 2014

Next Testament. Clive Barker, Mark Miller e Haemi Jang (Boom Studios)

Se bem que esta não seja a primeira experiência da escrita de Cliver Barker na banda desenhada, e ele próprio tenha-a criado já directamente, em tempos recentes com a continuação oficial das personagens originais de Hellraiser/The Hellbound Heart, este é o primeiro título em que apresenta material original e exclusivo para este meio expressivo. Next Testament não se baseia em nenhum livro ou esboço para filme, tendo nascido exclusivamente para a banda desenhada (no quadro dos desejos do editor da Boom). Na verdade, Barker conta com a ajuda de Mark Miller, um veterano da criação de cinema mas também de banda desenhada, e que já havia trabalhado nas versões de banda desenhada de Hellraiser. Neste caso particular, a personagem principal nasceu da imaginação de Barker mas com uma ajuda preciosa de Miller, e a escrita em si, o desenvolvimento da intriga e dos pormenores diegéticos foram lavrados por ambos. (Mais) 

9 de outubro de 2014

Colaboração na Image and Narrative. Resenha a Comics and the Senses.

Tendo já falado alargadamente deste livro, e providenciado uma entrevista no seu texto respectivo, serve o present post para simplesmente indicar a publicação de uma review do mesmo livro, mas numa versão algo menor e em inglês na revista académica Image and Narrative.

Pour prende date.

Poderão aceder a esse texto directamente aqui.

7 de outubro de 2014

Prémio Oficina do Cego.

Saberão alguns leitores que temos funções na Associação Oficina do Cego.

Recentemente lançámos um concurso para edições independentes, de toda a espécie, mas que poderá incluir a banda desenhada, a ilustração e outros territórios gráficos, e que visa a atribuição de 300 Euros.

Participem! Todas as informações aqui.

3 de outubro de 2014

El Deafo. Cece Bell (Amulet Books)

Já noutras ocasiões falámos sobre a possibilidade de pensar a banda desenhada não tanto enquanto arte, uma disciplina expressiva passível de ser empregue para a criação de objectos estéticos, ora mais ora menos controlados por limites genéricos e experiências tradicionais, ou informados pelas mais díspares noções advindas de todo o campo cultural, mas como linguagem. Isto é, um conjunto mais ou menos expectável de elementos formais que pode ser empregue para outros fins, tais como os comunicacionais. É isso o que nos leva a compreender, por exemplo, certos usos de um estilo “industrial” ou “simples” menos numa ideia de reescrever a própria disciplina do que para fazer passar uma vontade (propaganda, publicidade, informação institucional). El Deafo viverá num território entre essas duas atitudes, que de resto jamais são estanques ou absolutas. (Mais)