31 de maio de 2014

Os Minotauros de Pedro Franz no aCalopsia.

Quando da passagem de Pedro Franz pelo FIDBA 2013, a propósito da exposição Seis esquinas de inquietação, que comissariámos, António Coelho do atelier de serigrafia Mike Goes West integrou-o no seu programa "Check Point".
Franz desenvolveu esta imagem, que aqui vemos, mais ou menos associada a um projecto de HQ que está a desenvolver. Fizemos uma "reportagem fotográfica" (minus a qualidade) e uma pequena entrevista, que constituem mais uma colaboração com o aCalopsia. 
Acedam aqui.

30 de maio de 2014

Três livros académicos recentes.

Independentemente dos géneros e estilos que ela possa implicar, poderemos pensar na banda desenhada como uma espécie de locus amoenus? Não no seu sentido estrito de um lugar pastoral, onde decorreriam cenas românticas, plácidas, mas enquanto um espaço separado da azáfama e perigos da vida mundana, e que encerraria nesse seu cantinho um grande número de frutos e calmia. Enquanto texto, a que obrigará ao momento apartado da leitura, suspensão da vida “lá fora”, poderá funcionar dessa forma, mas isso não significa que evite todos os perigos, sobretudo os do pensamento, os da empatia para com experiências diferentes das nossas, e para as correntes da política e da história, de que fazemos sempre parte, mesmo que não o desejemos ou imaginemos estarmos imunes a elas. Num certo sentido, é para isso que os livros académicos sobre banda desenhada servem, fornecer-nos instrumentos e caminhos mais claros sobre como é que esse acesso ocorre, em que condições e em que resulta. Eis três volumes recentes. (Mais)

26 de maio de 2014

Kaze Tachinu/O vento ergue-se. Filme de Hideo Miyazaki.

O último filme de Miyazaki corre o risco se de tornar a coroa do realizador, acarretando todos os riscos que a “última obra” pode trazer, dominando toda a carreira de um autor, colorindo-a com essa última ideia, subsumindo todos os outros passos a essa “chegada”. É um fenómeno inevitável, o de colorir com a morte de um artista a sua última criação, a sua última semana, as suas últimas palavras, mesmo que elas tenham sido feitas, como é o caso deste filme, no pleno convívio com as forças de vida que sempre o animaram. Pois Miyazaki está vivo, naturalmente. (Mais)

23 de maio de 2014

Colaboração no du9. This One Summer, Jillian Tamaki e Mariko Tamaki (First Second)

Mais uma vez, apenas disponível em versões francesa e inglesa, um texto exclusivo no site du9. Desta feita, é sobre o novo livro das primas Tamaki, de quem já havíamos falado quando de Skim. Um belíssimo livro sobre as dores e dúvidas do crescimento na adolescência, seguramente que fará tanto sentido por quem atravessa essas experiências neste momento como por aquelas que as atravessaram já, mas reconhecem os ecos da sua passagem.
Acesso directo aqui.
Nota final: agradecimentos à editora norte-americana, pelo envio do livro.

22 de maio de 2014

Échos. AAVV (L'employé du moi)

Este livro é composto por seis histórias que nascem de um trabalho curioso de colaboração, ou melhor dizendo, de exercícios de canto de responsorial. Contam-se seis artistas, todas elas trabalhando, quase exclusivamente, com lápis (grafite, colorido ou outro) sobre papel. Mulheres de várias nacionalidades, algumas das quais já tivemos oportunidade de ler no passado, os “ecos” que criam são transnacionais: Joanna Hellgren é sueca, Amanda Vähämäki é finlandesa, Noémie Marsily é belga, Joanna Lorho é francesa, assim como Julie Delporte ainda que esta tenha trabalhado no Canadá sobretudo, e Aisha Franz é alemã. O livro está dividido em três partes, estando cada uma delas composta por duas histórias, criadas aparentemente por cada duas artistas ao mesmo tempo, com elementos narrativos ou temáticos idênticos. (Mais)

21 de maio de 2014

Transperceneige & etc. no aCalopsia.

Numa nova colaboração com o site aCalopsia, desta feita feita a propósito do que imaginamos ser a proximidade da distribuição comercial em Portugal do filme Snowpiercer, de Bong Jooh-Ho, fazemos uma breve re-leitura do texto que lhe deu origem, o Transperceneige de Lob e Rochette, continuado mais tarde por Legrand. Além de uma breve contextualização da sua produção no mercado franco-belga dos anos 1980, abordamos os livros em si e depois uma análise sumária do filme que os transforma numa obra fílmica autónoma. 
Poderão aceder a esse material directamente aqui.

18 de maio de 2014

Manifeste Incertain. Frédéric Pajak (Éditions Nour sur Blanc)

Em que medida é que podemos narrar a vida? Até que ponto é a vida narrável? Se aceitarmos, com Freud, em Para além do princípio do prazer, que a “finalidade da vida é a morte”, então talvez apenas esse último ponto, inevitável e inultrapassável, possa então dar uma forma definitiva e, mais importante, recontável da vida. Mas seja qual for o esforço para construir uma forma narrativa (e que neste sentido muito específico, da sua própria condição de possibilidade de narração, incluirá todas as formas de resistência à narrativa, incluirá mesmo as anti-narrativas e as recusas e intervalos da narrativa), informada por mais leve que seja com a mediação permitida (ou forçada) pelas formas da arte, há sempre, nesse mesmo esforço, uma mediação. Há sempre um trabalho de mitigação (Milderung), de disfarce (Verhüllung), de derivação (Ableitung), de revestimento (Verkleidung), sendo esses mesmos os termos recorrentes de Freud, cujo dictum é claro: “Mas o tratamento poético é impossível sem que haja mitigação e disfarce”. (Mais)

14 de maio de 2014

Comics and the Senses. A Multisensory Approach to Comics and Graphic Novels. Ian Hague (Routledge).

Uma vez que a entrevista com Ian Hague ficou muito longa e, esperamos nós, informativa, e termos de providenciar uma review em inglês deste mesmo livro noutro lugar, remetemos a essas extensões alguns dos outros aspectos em relação ao livro que as origina. Comics and the Senses é um livro, a um só tempo, empolgante, pertinente, corajoso mas também intrigante, e até, talvez, excessivo. Não significa que seja desnecessário, mas é um gesto que provocará algum estranhamento e até controvérsia. (mais) 

10 de maio de 2014

Contemporary Comics Storytelling e Studying Comics and Graphic Novels . Karin Kukkonen (University of Nebraska Press/Wiley-Blackwell).

Num espaço de um ano, Karin Kukkonen, que tem já uma carreira relativamente conhecida no campo dos estudos de banda desenhada através de alguns dos seus brilhantes papers, e o seu Metalepsis in Popular Culture, publicou dois livros que, sendo bem distintos entre si, se unem pelo seu campo (trans)disciplinar. O espaço de investigação de Kukkonen é informado pela narratologia contemporânea, sobretudo onde ela tem vindo a ser inflectida pelos contributos do cognitivismo.

Ambos, parecem-nos, são estimáveis à sua maneira. Contemporary Comics Storytelling (CCS) é o mais teórico, fruto do trabalho académico de Kukkonen, logo necessariamente mais denso e focado mas desenvolve de uma maneira teoricamente sólida os pontos principais. Studying Comics and Graphic Novels é mais próximo de um “manual”, desenvolvido no seio de cursos introdutórios de nível universitário (ver entrevista, abaixo), mas ainda assim entrega-se a algum grau de complexidade teórico. Não o abordaremos em pormenor, dizendo apenas que, a um só tempo, ele providencia close readings curtas mas magníficas, sem ter vergonha de se aproximar de dimensões mais complicadas. Um problema inerente a ambas as edições é o seu preço (o segundo volume, que custa quase 30 Euros, não tem sequer 200 páginas), o que os torna proibitivos fora dos contextos educativos (bibliotecas) em que se integrarão, o que pode ser visto como um obstáculo compreensível, e que não conseguirá eliminar a ideia generalizada, mas não totalmente errada, que as obras de Scott McCloud continuarão a ser boas referências populares de introdução. Seja como for, este segundo livro de Kukkonen vem unir-se a esforços como aqueles dos livros de Ann Miller, Smith & Duncan, Magnussen & Christiansen, entre alguns outros. (mais)

7 de maio de 2014

Comentário ([não]breve) em torno dos Eisner Awards 2014.

A propósito da divulgação dos nomeados para as várias categorias dos Prémios Eisner deste ano, os promotores de The Comics Alternative, Derek Royal, Andy Kunka e Gene Kannenberg, para além do seu costumeiro podcast ("Two Guys with PhDs Talking about Comics"), convidaram uma série de pessoas para tecer comentários, criticar escolhas e integrações nas categorias, etc. (mais)