5 de julho de 2013

Texto em Metakatz, ed. Manouach e Löwenthal. Cinquième Couche.

Desta feita, serve para indicar que o texto que havíamos escrito sobre o projecto de Manouach (entretanto revelado publicamente), Katz, foi revisto, expandido e traduzido para francês, para integrar o projecto editorial do autor com o director da Cinquième Couche, Xavier Löwenthal. O título do nosso texto ficou como "Des hommes que deviennet des Animaux et des Animaux qui deviennent des Hommes" (compreenderão os leitores de Deleuze e Guattari a citação dos devires-animais). (Mais) 

MetaKatz não deixa de ser uma segunda espécie de détournement sobre a obra de Spiegelman; se Katz operava sobre Maus, mas acabou por ser obrigado judicialmente à destruição - a capa mostra a polpa de (quase) todos os exemplares antes de ser queimada -, este volume reúne respostas, críticas, defesas, ensaios, segundos gestos, e ainda uma trilha sonora em vinil, de toda uma troupe de artistas, investigadores e outros, entre os quais Marcos Farrajota, traduzindo o seu texto sobre Comix remix, de que havíamos já dado conta. Por exemplo, encontram-se breves notas de Thierry Groensteen ou de Christian Rosset, Lewis Trondheim apresenta uma "tira" sarcástica sobre a "indústria do Holocausto" e Maus/Spiegelman, e os editores do livro entrevistam mesmo pessoas afectas às indústrias de destruição de documentação e importação de papel (destruído) para a China (sistematicamente grafa-se "inDUSTriel", etc., sublinhando aquela condição do capitalismo apontada por Marx na famosa frase: "tudo o que é sólido se dissolve no ar"...).
As intervenções são muito variadas, e nem todas são meras "defesas", se bem que exista mais ou menos um consenso de que a decisão jurídica imposta pelo processo da Flammarion pode ser vista como exagerada e até mesmo errónea, uma vez que faz cilindrar através das cada vez mais arreigadas "leis de propriedade intelectual" os vários processos existentes que a cultura tem de responder à cultura: a citação, a paródia, o "situacionismo". As intervenções várias, ou em partes, de Fabrice Neaud, são excelentes, pois não apenas faz um historial de outros casos que importa estudar e comparar, como faz um defeso filosófico de uma situação cada vez mais insuportável, e que não se verifica somente na banda desenhada (sendo o caso de Tintin/Moulinsart o mais famoso e incomodativo), mas na música, literatura, artes, etc.
Haverá certamente muito que dizer quer sobre este livro quer a partir dele, tocando em questões de direitos de autor, propriedade intelectual, liberdades de expressão e de iconoclastia, de direito de resposta e sobre processos de canonização raiando a sacralização, sobre o Situacionismo, insectos minúsculos comedores de papel [papívoros?] e até mesmo Pierre Ménard. MetaKatz será, seguramente, um caso de estudo para o futuro.
Para mais informações, ver sites da editora e/ou do artista.
Nota final: estando a ler aos poucos este volume, vamos editando e acrescentando informações a esta nota também aos poucos. Quando terminarmos, eliminaremos esta mesma nota.

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